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Se moda é “coisa de mulher”, onde estão as mulheres?


Quando crianças, somos ensinados que 2 + 2 são 4, que as plantas absorvem a luz do sol para se alimentar e que determinadas brincadeiras não foram feitas para meninas. Ou seja, desde muito cedo, somos condicionadas a determinados espaços e, aos poucos, vamos descobrindo que certos assuntos não são para o nosso bico.


Olhando para trás, podemos pensar em como nós evoluímos. Discussões de gênero, raciais e sociais estão cada vez mais presentes em nosso dia a dia sob um ponto de vista cada vez mais questionador. A geração Z vem com tudo, quebrando paradigmas e desafiando o status quo. Hoje em dia, sabemos que categorizar algo por gênero é balela conservadora.


Mas, se isso é verdade, então onde estão as mulheres em cargos de poder?


Após 13 anos como diretora criativa da Alexander McQueen, Sarah Burton se despediu da marca durante a Semana de Moda de Paris de primavera/verão 2024. Com um último desfile emblemático e uma despedida emocionante, sua saída gerou mais uma discussão nas redes: agora, todos os diretores criativos das marcas do conglomerado de moda de luxo Kering, que engloba as gigantes Gucci, Balenciaga, Bottega Veneta, Yves Saint Laurent, Creed e Alexander McQueen, são homens brancos.


Em seu site oficial, Kering constatou seu compromisso com um local de trabalho mais diverso, onde o talento vem em primeiro lugar. Entretanto, dos 29 diretores criativos que já passaram pelo grupo, apenas 5 eram mulheres e 1 homem não-branco.


Fora da Kering, a situação não é muito diferente. Atualmente, apenas 14% das 50 maiores marcas de moda são comandadas por mulheres. Porém, segundo dados da Fairtrade, 80% dos trabalhadores têxteis são mulheres. Além disso, de acordo com a Menos 1 Lixo, o mercado de moda feminina global é estimado em 200 bilhões a mais do que o mercado masculino e, só no Brasil, 75% da mão de obra dessa indústria é composta por… bem, mulheres.


A moda sempre foi um assunto designado como feminino. Na infância, nunca nos foi dito que não poderíamos brincar de criar desfiles ou desenvolver roupinhas para nossas bonecas. Então, por que quando crescemos e começamos a protagonizar nesse cenário, somos surpreendidas com tantas barreiras? Falta de talento, sabemos que não é.


É, no mínimo, irônico que, em uma indústria construída por mulheres e taxada como superficial por ser de interesse majoritariamente feminino, nossa presença seja tão negligenciada.

© 2024 created with <3 by Anna Ogoshi

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